Anorkinda Neide
Quem sou eu
Transpareço nas minhas poesias.
Enlouqueço nas minhas manias.
Esqueço todas as tiranias.
Aqueço todas as simpatias.
Adormeço em deliciosa fantasia.
E amanheço nova todo dia!
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Vale a pena escrever poesia
Vale a pena
que de tinta
transcreve
no branco alvo
Vale o verso
gasto que minta
uma emoção
no virtual alvo
Vale à pena
derramar à tinta
uma emoção
em branco virtual
Vale a poesia
que te (me) sinta
e transcenda.
Alvo: o coração!
Anorkinda
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Meu Gênesis
Pela mão do anjo, eu vim aninhar-me e formar-me num fluxo criador. Moldar um corpo material, desde suas primeiras células, união feminino/masculino, gametas do amor.
Tudo em muito parecido com a nuvem de prazer onde eu vivia, fluxos de sentimentos por mim passavam como brisas e encantamento. Quis ali fazer o meu céu a criar meu mundo e minha forma num êxtase divino.
Mas a verdade de um mundo material logo achegou-se em meu paraíso... Senti os primeiros tremores do medo a balançar-me o fluido amniótico, era minha mãe a temer. Senti suas lágrimas numa acidez que me ardia o corpo e percebi a nossa união e do quanto dela eu dependia.
Juntamente com minha formação, eu ocupava-me agora das emoções que às vezes me divertiam e movimentavam minhas águas mas por outras me assustavam o porvir. Das leis desta terceira dimensão eu conhecia teorias, mas nunca as tinha vivenciado na carne, no fluido dos sentimentos...
Da conseqüência de um ato de violência ou de um falso amor, eu também não tinha parâmetros para me guiar, meu pequeno paraíso podia se transformar em inferno a qualquer momento... Era a informação que eu recebia no pulsar descompassado do coração de minha mãe, nas vezes em que ela sentia-se ameaçada. E eu nem sabia porquê!
Nestas ocasiões eu sentia muita vontade de sair e conhecer o que havia lá fora que a assustava, a atormentava e aterrorizava minha vida em formação. Mas não havia o que fazer, eu não estava pronta. Não era hora para uma revolução no desenrolar de minha gênese.
Foi preciso mesmo esperar pela maturação da carne. E minha mãe sempre a comunicar-me suas emoções, eu a estudava... Após os momentos em que o medo me atingia, eu observei que ela vagarosamente acalmava-se ao conversar baixinho e sensações amáveis me invadiam também. Com quem ela conversava? Eu não sabia. Mas esta paz me trazia lembranças de onde eu vim, às vezes eu quase sentia a mão daquele anjo que me guiou até aqui.
Aprendi que mesmo na matéria, meu amigo estará comigo, afastará o perigo. Ele me ensinará a lidar com as pessoas. Será preciso apenas com ele conversar, minha mãe o demonstrou. Ah... Senti-me encorajada, vida nova, aqui estou!
Anorkinda Neide